A volta ao mundo em 6 anos: sem avião, com barbona de responsa.

por Daniel Tambarotti janeiro 11, 2017 0 Comentários

Ele mesmo confessa que “poderia ter ficado em casa, ido à biblioteca, assistido a documentários, conversado com as pessoas e explorado o mundo a partir de sua poltrona, em um ambiente completamente familiar”, mas, ao mesmo tempo, como já dizia o cientista dinamarquês Piet Hein, “precisamos viajar para ver que o mundo é redondo”

Pois o também dinamarquês Torbjørn C. Pedersen, o Thor, levou muito a sério a máxima de seu conterrâneo: às 10h10 do dia 10 de outubro de 2013, ele saiu de casa com a missão de visitar todos os 203 países do mundo, passando ao menos 24 horas em cada um deles.

Até aí, vá lá, muita gente já deve ter ostentado essa marca pelo livro dos recordes. A ideia de Thor, no entanto, era fazer essa viagem sem pegar um único voo. Pra isso, passa grande parte de seu tempo a bordo de navios cargueiros, aqueles que transportam dezenas de contêineres empilhados ao redor do mundo, como mostra aqui a reportagem da revista "Vice".

“Ninguém na história já visitou todos os países do mundo sem pisar em um avião. É uma tentativa de quebrar esse recorde e também de inspirar as pessoas a fazerem o mesmo. Acho importante termos feitos inéditos, porque isso abre as portas para novas ideias e maneiras diferentes de encarar a vida”, conta ele, que atualmente está na Somalilândia, seu país de número 123, 150 mil quilômetros percorridos depois de ter deixado sua casa.

“Não perco tempo em aeroportos e em revistas de segurança, é mais barato e acabo conhecendo muito mais gente andando de ônibus e de trens e cruzando as fronteiras a pé, o que me dá mais oportunidades também de conhecer melhor os países. E, é claro, muito mais aventuras!”

Especializado em logística, ele passou 10 meses preparando o projeto e planejando a rota mais lógica a ser feita (nos seus planos, a viagem acaba em 2019, nas Ilhas Maurício).

“Pensei muito em como seria minha bagagem. Trouxe roupas quentes e também para os dias quentes, mas basicamente vou adicionando camadas quando está muito frio. Tenho um saco de dormir, uma rede, uma rede contra mosquitos, livros, eletrônicos… Algumas coisas já mandei de volta pra casa pela minha noiva, quando ela me visitou, porque percebi que não precisei daquilo. O mundo é cheio de coisa, então sempre dá pra comprar um item de que você esteja precisando.”

E como conseguir permissão pra viajar nessas embarcações?

“Viajo nos navios cargueiros quando não tenho outra opção, como por exemplo quando preciso cruzar um oceano ou chegar a um lugar muito remoto. Essas companhias não têm interesse em levar passageiros, porque você vira responsabilidade delas, a não ser que elas lucrem com isso. Hoje em dia, é mais difícil conseguir permissão para poder viajar neles. Foi-se o tempo em que você conseguia uma carona em troca de trabalho a bordo… Hoje você precisa entrar em contato com as empresas ou até mesmo com os donos delas. E muito provavelmente eles não vão nem responder seus e-mails ou vão te ignorar solenemente…”, conta o dinamarquês.

A vida embarcada, diz ele, se resume a trabalho, comida, sono e recreação (muitos navios são equipados com filmes, jogos, livros, pequenas piscinas, academias de ginástica — um deles vinha com sauna!). Pra passar o tempo nas semanas que separam, digamos, a Islândia do Canadá, ele ouve muita música, de Sia, passando por Alanis Morissette, Muse e Arctic Monkeys (ele fez uma Mixtape pra gente, é claro!), e, por que não, acaba dançando com a galera?

“Eu tava muito feliz por estar cruzando de um continente para outro, era um momento importante. Então quis fazer um vídeo de dança pra comemorar. Queria que todo mundo que estivesse a bordo participasse e, aos poucos, fui convencendo os marinheiros!”

No meio das aventuras, a barba indomada praticamente ganhou uma narrativa própria.

“Acabo aparando só em torno da boca pra conseguir respirar, falar e comer. Já deixei crescer por uns 8–9 meses, e ela cresce muito rápido! Minha noiva não aceita a barbona grande de jeito nenhum, só quando está aparada e bem cuidada! Sempre que pode, ela me visita e já nos encontramos 10 vezes desde que parti. Então a barba praticamente cresce do momento em que ela me deixa até a véspera do nosso próximo encontro, que é quando eu corto. Assim, a barba é um grande indicador do tempo que passamos sem nos vermos.”

E depois de rodar tanto, onde moraria, caso não voltasse mais para a Dinamarca?

“Islândia. É um país lindo, cheio de aventuras, ótimo para curtir ao ar livre, moderno, as pessoas são amigáveis e loucas de um jeito bom. Mas, pra mim, a melhor coisa deles é a atitude “nada é impossível”, muito forte por lá. É quase como se eles não conhecessem limites. Adoro isso!”

E ele faz planos para voltar a alguns países, sobretudo os grandes, onde não conseguiu conhecer suficientemente, como Alemanha, Espanha, França, Polônia, Bielorússia, Rússia, Groenlândia, Canadá, Estados Unidos, México, Argentina, Brasil, Nigéria, África do Sul, Namíbia, Botsuana, Tanzânia e Uganda. “E um monte de outros lugares que gostaria de mostrar à minha noiva e a amigos.”

No Brasil, Thor esteve em setembro de 2014 e fez, de ônibus, Porto Alegre, Florianópolis, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Porto Velho, e, de barco, navegou o Rio Madeira até Manaus, passou por Boa Vista e Bonfim.

“Adorei o Brasil por causa da diversidade, é quase como se fosse um continente! Fiz ótimos amigos por aí, com os quais ainda mantenho contato.”

Planos pra quando a viagem acabar? “Acho que vou dormir durante um mês inteiro!!!”

Enquanto isso, aperte o play pra ouvir a Mixtape que o cara preparou pra gente!

 


Daniel Tambarotti
Daniel Tambarotti

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